A MORTE DA CANGACEIRA NENÉM DO OURO
Por Noádia Costa
Natural da Bahia, a jovem Perciliana ou Neném do Ouro como ficou conhecida no Cangaço, foi companheira do homem de confiança de Lampião, o cangaceiro Luís Pedro . O apelido Neném do Ouro surgiu devido ao fato da mesma ostentar um enorme medalhão de ouro presenteado por seu companheiro. Morena, tranquila e sem polêmicas durante sua passagem pelo Cangaço, esta cangaceira era uma das quais Maria Bonita tinha mais afinidade.
Sargento Deluz matador do cangaceiro Juriti
Esta jovem teve morte trágica e brutal. Foi morta pela volante do Sargento de Deluz na Fazenda Algodãozinho no dia 9 de novembro de 1936. Eles estavam acoitados nesta Fazenda nas proximidades do povoado Mocambo. De lá, viajariam rumo à Paripiranga na Bahia. Durante a noite, os cangaceiros descansavam, comiam e bebiam de forma tranquila, quando são surpreendidos pela volante do temível Deluz, aquele mesmo que posteriormente queimou vivo em uma fogueira o cangaceiro Juriti.
O cangaceiro Juriti
Como não participavam dos combates Neném juntamente com a cangaceira Sila recém-chegada ao Cangaço, correm para se protegerem, enquanto os homens trocam tiros com a volante. Ambas corriam em direção ao curral da fazenda, pois estariam mais protegidas durante o tiroteio. Enquanto tentava pular a cerca, Neném é baleada e cai ao chão.
Luís Pedro tenta socorrer sua companheira, mais é arrastado por outro cangaceiro para que não seja capturado ou morto. Os cangaceiros em seguida fogem. Após morta, o corpo da cangaceira é vilipendiado. Os soldados fazem sexo com seu cadáver e segundo relatos estimulam cachorros a fazerem o mesmo.
Quanto aos soldados fazerem sexo com o cadáver não é algo do outro mundo. Pois ainda hoje é comum pessoas que invadem cemitérios e necrotérios para a prática do sexo com mortos. A parte que questiono seria a dos cachorros fazerem sexo com a morta. Teria isso realmente acontecido, ou seria mais uma estratégia da volante para chocar e aterrorizar camponeses e cangaceiros, e ao mesmo tempo se vangloriar.
Em seu livro Lampião o homem que amava as mulheres, Daniel Lins relata o seguinte depoimento :
"Foi um horror", concluiu Firmina ,camponesa,74 anos" a própria volante se encarregou de contar essa miserável história a todo mundo, semeando pânico nos lugares e provocando os cangaceiros." (Pag 109).
Percebam que no depoimento da camponesa, ela relata que os próprios volantes fizeram questão de espalhar essa história, fazendo assim com que possamos levantar a hipótese de que eles queriam causar medo ao espalhar essa história, e também a existência da possibilidade da mesma não ter acontecido, como tantas outras que são contadas como verdades.
Nenê do Ouro, Luiz Pedro, Moreno e o cachorro Ligeiro.
Após a morte de sua companheira Luís Pedro ficou inconsolável e em profunda tristeza, não tendo mais arrumado outra companheira. Ele tombou juntamente com Lampião no dia 28 de julho de 1938 em Angico.
Fotos: Aba Filmes
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